A FAB, que carregava o símbolo "Senta a pùa" na fuselagem
A Força Aérea Brasileira recebeu dos Estados Unidos 88 novíssimos aviões Republic P47D RE Thunderbolt equipados com o motor Pratt e Whitney de 2535 cv, armados com 6 metralhadoras alares Browning de 12,7 mm com 425 tiros por arma, além de 10 foguetes de 127 mm. e sob as asas duas bombas de 454 kg e uma de 227 kg sob a fuselagem.
Os pilotos eram todos oficiais brasileiros.
Um dia, por volta da metade do outono de 1944, eu estava com minha mãe em uma área um pouco elevada de Gaggio Montano, entre a ponte da Grilla (aquela que vai do centro da cidade em direção a Bombiana) e o cemitério. Em certo momento, vimos um avião surgir de trás da montanha a oeste da cidade, certamente era da FAB.
Debaixo da cabine estava acoplada uma grande bomba, era amarela, tinha números e letras escritas em preto, que só lembrei por alguns anos.
O avião desceu bastante permitindo-me ver o piloto.
Já estava a menos de algumas dezenas de metros do solo em direção à ponte.
Ele soltou a bomba sobre nós e eu li as inscrições.
A bomba ultrapassou o alvo e caiu no terreno, explodindo com um barulho muito forte e levantando uma enorme nuvem de poeira.
Por alguns minutos, as casas vizinhas da Case Grilla, onde moravam meus tios e primos, e a casa da Sra. Liduina foram envolvidas pela poeira.
Quando o vento a dispersou, conseguimos ver que as casas ainda estavam intactas.
Sempre permaneceu em mim uma dúvida, ou seja: ou o piloto errou a mira, ou ao nos ver preferiu não nos envolver na explosão.
De qualquer forma, obrigado piloto brasileiro!
Em outra ocasião, na segunda metade de fevereiro de 1945, já tarde da noite, um esquadrão da FAB sobrevoou a área de Ronchidos/Monte Castello/Bombiana.
Os aviões P47D fizeram uma exibição louca ao redor do Monte Castello, soltando muitos bengalas que iluminaram a montanha intensamente.
Os aviões estavam dando apoio aos Pracinhas. Em seguida, começou um bombardeio decidido.
Todos os moradores das casas Poggio fugiram, reunindo-se no parque de Cà del Ponte. Estavam todos assustados, algumas mulheres choravam.
Nós éramos os únicos já acostumados a sofrer bombardeios aéreos, pois em Bolonha morávamos a poucas centenas de metros da estação ferroviária.
Pouco depois da metade de fevereiro de 1945, da janela do meu quarto, localizada ao norte e da qual víamos o Monte Castello, ouvimos os tiros das metralhadoras e os estrondos dos disparos de canhão.
Era 21 de fevereiro de 1945.
Os soldados alojados em minha casa me disseram que ao meio-dia a bandeira brasileira seria hasteada em Monte Castello.
A Linha Gótica havia sido quebrada!
Eu sempre carrego o distintivo do "Cobra que fuma".
Quem me conhece me pergunta se estive no Brasil, talvez como turista, mas respondo que foram os brasileiros da FEB, que chegaram à Itália em mais de 25.000, que nos ajudaram a reconquistar a liberdade e a democracia para nosso país.